segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Por que ocorre falha no diagnóstico de diabete na infância e por que as conseqüências podem ser gravíssimas

Por Paulo Aligieri
médico pediatra, Cremesp 11.597-SP
assistente médico da Fundação para o Remédio Popular – FURP.


Os problemas digestivos que se traduzem por diarréia e vômitos são as causas mais comuns de desidratação infantil. De modo geral, dizemos que acontece a desidratação quando a quantidade de água eliminada pelo organismo através da respiração, suor, urina, fezes e lágrimas, não é reposta adequadamente. Se houver febre, aumenta o metabolismo e, conseqüentemente, aumenta a eliminação de água, favorecendo a desidratação.

Ainda não sabemos bem porque certas crianças estão predestinadas a desenvolver diabetes nos primeiros anos de vida. No transcurso de alguns dias ou semanas, a criança se torna cada vez mais incapaz de aproveitar todo açúcar que seu intestino absorve. Falta este alimento no interior das células do corpo, mas sobra no sangue. Este desequilíbrio tem diversas conseqüências, como prostração, inapetência, vômitos, aumento no volume de urina (para eliminar o excesso de açúcar e outros componentes que aparecem no sangue), além de muita sede.

O quadro que o médico encontra pode se parecer muito com uma desidratação relativamente banal, ainda que seja de grau acentuado. As manifestações se parecem com aquelas causadas por uma infecção viral, episódio que é muito mais freqüente na pediatria do que a precipitação do diabete. Há um grande problema para o diagnóstico desta doença nas crianças pois, de modo geral, no início, ela apresenta poucas manifestações específicas. É o profissional da saúde que precisa fazer a suspeita.

Quase sempre a família não percebe que a criança está bebendo muita água, mesmo em dias frios. Um dado de grande valor para o esclarecimento diagnóstico é o volume de urina. Quase todas as crianças que desidratam devido a infecções gastrointestinais tem uma redução ou até parada no volume de urina eliminado. O corpo procura reter líquido, fabricando urina escassa e bem concentrada.

De modo diverso, no diabete não tratado, há eliminação de urina, geralmente volumosa, mesmo que a criança já esteja desidratada. O profissional que atende uma criança com desidratação nunca deve omitir a pergunta sobre o volume da micção. Em minha experiência profissional de muitas décadas, esta omissão não é rara.

Quando não se faz o diagnóstico a tempo, a criança irá receber, por via oral ou por veia, uma solução contendo sais e glicose ou sacarose, que são açúcares, e irão agravar obrigatoriamente o distúrbio do metabolismo, aumentando o risco de complicações mais graves ou mesmo a morte. A melhor saída é a dosagem sistemática e obrigatória da glicemia capilar em toda criança que receba o diagnóstico de desidratação. O exame é sensível, não é caro, e não envolve riscos de complicações.


Para apoiar o projeto do teste de glicemia obrigatório, assine aqui a petição.

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