terça-feira, 27 de outubro de 2015

A incrível fábrica de bomba de insulina

Em fevereiro deste ano de 2015 escrevi um post sobre a minha experiência usando os sensores da bomba de insulina da Medtronic: Diferenças entre o sof sensor e o enlite. Durante o mês que fiz o teste com o enlite, não senti nenhuma modificação relevante em relação aos resultados das medidas do sensor em comparação com o glicosímetro (o sof já funciona bem pra mim), e não percebi diferenças entre o tamanho de um sensor e outro.

Tomando conhecimento do meu post e da minha avaliação inicial sobre o enlite, a Medtronic entrou em contato comigo e me convidou para uma visita à empresa no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo/SP, para receber mais informações sobre o enlite e para orientações sobre formas de melhorar o desempenho do sensor.






No dia 09 de março de 2015 fui à Medtronic, conheci um pouquinho da história da empresa, e conversei sobre os sensores com a enfermeira Erika Henriques. Conheço a Erika desde 2011, foi ela que me acompanhou durante o teste com a bomba de insulina, e que instalou a minha bomba definitiva e o sensor de glicose intersticial. Assim, nosso bate-papo foi bastante descontraído e proveitoso, pois a Erika já sabe que questiono bastante as informações que me passam.

Ela me mostrou os dois sensores lado a lado e pude perceber que, de fato, o enlite é bem menor que o sof, o que diminui as chances de sangramento na inserção, melhorando assim o desempenho do sensor.



Quando recebi a bomba, o manual recomendava a calibração do sensor duas vezes por dia. Seguindo as instruções dos manuais (li na integralidade as versões em portugês e em inglês), calibrava o sensor duas vezes por dia. Mas costumava ter dificuldades quando a glicemia estava muito acima ou muito abaixo dos padrões de normalidade (abaixo de 70 mg/dl e acima de 180 mg/dl, quando as chances de levar o sensor a erro ou não aceitar a calibração são maiores - veja o post: erro de calibragem), e ficava algum tempo sem o monitoramento até a glicemia voltar a níveis mais próximos do normal.

A Erika então me explicou que calibrando entre 3 a 4 vezes por dia, o sensor funciona melhor. A calibração deve ser feita obrigatoriamente a cada 12 horas para que o sensor funcione, mas calibrando a cada 6 horas (ou seja, 4 vezes ao dia), se em alguma dessas vezes a glicemia não estiver dentro dos padrões para calibração (entre 70 e 180), não há problema de ficar sem o monitoramento, porque o sensor ainda vai funcionar por mais um tempo sem necessidade de calibração.

Também debatemos a questão da fixação do sensor e do minilink à pele em relação à fidelidade das medidas. Erika me explicou que o enlite, por ter um adesivo acoplado ao sensor que o fixa melhor à pele, e ainda um outro que impede a movimentação do minilink, apresenta um desempenho melhor que o sof, que não tem esses adesivos extras para fixar melhor tanto o sensor quanto o minilink à pele, e impedir que os movimentos do corpo influenciem negativamente nas medidas da glicose intersticial.





Seguindo as orientações da Erika, e fazendo algumas adaptações caseiras para melhorar o desempenho do sofsensor (já pedi a troca pelo enlite no posto de dispensação do SUS, mas ela ainda não ocorreu), percebi que além de evitar os problemas de calibração, também consegui melhorar o desempenho do sensor de madrugada, horário em que ele funcionava pior em função de muitos alarmes equivocados de hipoglicemia.

Passei a fazer a calibração entre 3 a 4 vezes por dia (sempre antes das refeições principais e, eventualmente, no meio da madrugada) e percebi que os resultados do sensor e do glicosímetro ficaram mais próximos, e que os alarmes equivocados de hipoglicemia de madrugada se reduziram bastante (embora ainda ocorram de vez em quando).



comparativo do resultado da glicemia na bomba (com o sofsensor) e no glicosímetro


Antes dessa visita, usava apenas um adesivo sobre o minilink e o sensor para fixá-los à pele. Depois da conversa com a Erika, passei a colocar um adesivo (com um buraco recortado manualmente) sobre o sensor e um segundo sobre o minilink. Com os dois adesivos, percebi que sensor e minilink ficaram menos suscetíveis aos movimentos do corpo, e consegui fazer com o que o sensor durasse por mais tempo, e apresentasse medidas mais acuradas.





Agradeço a hospitalidade da Medtronic e a abertura ao diálogo democrático, respeitando as minhas opiniões sobre os produtos que fabrica, mesmo que discordem da publicidade veiculada pela empresa.

Com base neste respeito aos consumidores e às suas opiniões, é que peço à Medtronic que promova modificações no manual dos usuários da bomba e do sensor, para que as informações sobre calibração, uso e melhor desempenho do sensor sejam mais apuradas e de acordo com as orientações relatadas neste post, e estejam ao alcance de todos.


Finalmente, agradeço a Erika pelo cuidado e atenção comigo desde o primeiro momento em que tomei contato com a bomba de insulina, por me atender no dia da visita e me orientar para melhorar o desempenho do sensor, e ainda por me passar o link abaixo com a dica de calibração.


Eu e Erika

Dica +Perto de calibração:
Qual o melhor momento para fazer a calibração do sensor?

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Defensoria Pública de SP pede interdição da ala psiquiátrica da Penitenciária III de Franco da Rocha

A Defensoria Pública de SP ingressou na última semana com uma ação civil pública em que pede a interdição da chamada “ala psiquiátrica” da Penitenciária III de Franco da Rocha. A ação pede, ainda, que sejam realizadas as avaliações biopsicossociais individualizadas de todas as pessoas em cumprimento de medida se segurança no prazo de 30 dias.

Regularmente, a Defensoria Pública de SP recebe denúncias a respeito de pessoas cumprindo medida de segurança em estabelecimentos prisionais comuns e não em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, tal como determina a lei de execuções penais. Cumprem medidas de segurança as pessoas absolvidas em processos criminais que, por serem pessoas com deficiência mental, não podem ser consideradas responsáveis pelos seus atos.

Um dos locais onde as pessoas com transtorno mental estão concentradas é a Penitenciária III de Franco da Rocha. Porém, durante visitas realizadas pelo Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria, juntamente com membros do Conselho Regional de Psicologia e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, foi constatado que não há equipe mínima de saúde apropriada às demandas de saúde física e mental das pessoas lá inseridas, que não há qualquer plano terapêutico individualizado para elas, entre diversas outras irregularidades.

Além disso, as condições de aprisionamento a que estavam submetidos os internos são precárias: os vasos sanitários das celas encontravam-se quebrados, faltava local próprio para realização das refeições, não havia cama para todas as pessoas – sendo necessário que alguns dormissem no chão, havia diversas infiltrações e alagamentos nas celas, etc.

Embora tenha sido comunicada a reforma da ala psiquiátrica, os Defensores Públicos observaram que as alterações previstas não previam a adequação do local para melhoria da assistência à saúde ou material, posto que a reforma consistia apenas em renovação das grades das celas e pintura das paredes. “Em que pese a reforma do prédio, o local continua sendo uma prisão, com as dinâmicas próprias do cárcere, sendo certo que os efeitos do aprisionamento, somados à ausência de tratamento de saúde individualizado, impedem que o local seja considerado similar aos hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico”, afirmam, na ação, os Defensores Públicos Bruno Shimizu, Patrick Cacicedo, Verônica Sionti e Luana Medeiros, responsáveis pela ação.

Para os Defensores Públicos, a custódia de pessoas com deficiência ou transtorno mental em unidades prisionais, como a Penitenciária III de Franco da Rocha, viola frontalmente os direitos fundamentais dessas pessoas e está em desacordo com toda a legislação vigente sobre o tema. “É intolerável a situação a que estão sendo submetidos os presos diagnosticados com deficiência ou transtorno mental naquele local, podendo a situação configurar, inclusive, tortura.”

Na ação, a Defensoria Pública de SP aponta a resolução do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), que determina que quando não houver hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, os pacientes deverão ser tratados na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). “Na ausência de vagas suficientes nos hospitais adequados, tendo-se em vista a quantidade de pessoas condenadas ao cumprimento de medida de segurança, o tratamento deve ser realizado pelo SUS, não se admitindo que as pessoas sejam simplesmente colocadas em alas de prisões, sem oferta de qualquer tratamento, como costuma acontecer.”

Área de pátio alagada por causa de vazamento em ala de presídio (Foto: Divulgação/Defensoria Pública)

 
Acompanhamento individualizado e Danos Morais

Diante das situações apontadas, a Defensoria Pública de SP pede, liminarmente, que não sejam mais encaminhadas à Penitenciária III de Franco da Rocha pessoas sentenciadas ao cumprimento de medida de segurança, interditando a chamada “ala psiquiátrica” do local. Pede ainda, que a equipe de avaliação e acompanhamento das medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental em conflito com a lei realize as avaliações biopsicossociais individualizadas de todos que cumprem a medida no prazo de 30 dias, apontando o encaminhamento terapêutico adequado para cada caso, no âmbito do SUS.

A Defensoria Pública também pede o pagamento de danos morais aos presos. “Não há, para o Poder Público, privilégios ou prerrogativas que possam eximi-lo do dever de preservação da integridade de bens ou direitos. Não há como admitir que cidadãos permaneçam moralmente e materialmente lesados, sem que haja o direito à reparação”, apontam os Defensores. Pede, ainda, que o governo do Estado pague indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 5 milhões, que deverá ser revertida ao fundo de direitos difusos do Estado de SP.
 


Banheiro de cela, segundo relatório da Defensoria Pública (Foto: Divulgação/Defensoria Pública)


 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Diabetes, autocuidado e desmedicalização (ou sem sertralina e sinvastatina)

Há 29 anos tenho diabetes, e há 22 anos sou atendida pelo mesmo endocrinologista. Quando comecei a me tratar com ele, aos meus 16 anos, não debatíamos muito as prescrições dadas. Com o amadurecimento a profundamento do relacionamento médico-paciente, o autocuidado começou a ser pensado com a minha participação de forma mais ativa, propondo adaptações que melhor se aplicavam à minha vida prática às recomendações médicas. Relatei um pouco deste processo no texto "O espelho em que me reflito: compartilhando saberes com meu médico".

Foi justamente nesse espírito de abertura e debate democrático das melhores opções para o meu autocuidado é que busquei junto com ele alternativas não medicamentosas para questões relacionadas ao diagnóstico clínico e complicações comuns, e também ao meu próprio jeito de ser (nervosa). Também relatei no texto "Direito à saúde e o cuidado de si" nossos planos para eu deixar de usar os medicamentos sertralina e sinvastatina, com funções antidepressiva e preventiva de eventos cardíacos para pessoas com diabetes, respectivamente.

Relato então o que aconteceu durante esse processo de "desmame", e os efeitos práticos na minha vida (biologicamente e socialmente falando).
 

Sertralina

Buscando evitar uma crise mais aguda de abstinência em relação à sertralina, programamos uma redução gradual da dosagem até a sua efetiva suspensão: num primeiro momento, tomei metade da dose habitual (25mg, metade de 50mg) por 15 dias; num segundo momento, tomei essa dose (25mg) em dias alternados (dia sim, dia não) por 30 dias; e numa terceira fase, deixei de tomar a sertralina. Fiquei com uma receita da dose habitual (50mg) para o caso de ter algum problema sério de abstinência, que felizmente até hoje não precisei utilizar.

Meu médico havia me avisado que alguns sintomas físicos poderiam aparecer com a diminuição da dosagem, e eles de fato surgiram. No fim do primeiro dia com a meia dose, sentei-me para jantar e a mesa e o solo pareciam se mover. Também senti um pouco de enjoo. Isso se repetiu no segundo dia, mas no terceiro já não sentia mais nenhum sintoma físico de abstinência. 

Nessa primeira fase, a parte emocional ficou um pouco desequilibrada, acarretando algumas oscilações glicêmicas em função da extrema variação de humor. Em alguns momentos me sentia feliz, e no instante seguinte me sentia sem ânimo para trabalhar ou fazer qualquer coisa. Os exercícios físicos amenizavam um pouco esses desânimos. Evitar situações sabidamente perturbadoras também me ajudou muito.

Algumas questões relacionadas especificamente ao autocuidado com o diabetes, uma certa rigidez com as regras de cuidado - e pouca tolerância à elevação da glicose - retornaram nesta fase, assim como questões de trabalho e de relações vieram com uma "roupagem" um pouco diferente. 

Nas questões de diabetes, precisei passar por um novo processo de aceitação da impossibilidade de manutenção da glicemia dentro dos padrões de normalidade em tempo integral, e de que nem sempre seria possível realizar as atividades programadas. Isso aconteceu depois de um dia em que, querendo fazer os exercícios com a glicemia um pouco elevada, apliquei bolus adicional de insulina para não deixar de me exercitar. O pico da insulina ocorreu junto com o final dos exercícios, que costuma reduzir a minha glicemia em 80 mg/dl, e tive uma hipoglicemia severa (o que não acontecia há mais de ano).

Nas questões de trabalho e de relações, inicialmente consegui identificar as situações pelas quais não suportava passar, e entendi que definitivamente não precisava me forçar a passar por elas. Deixei de fazer o que não me agradava. Mas mesmo assim, continuava com dificuldades de elaborar melhores soluções para trabalhar e me relacionar melhor com as pessoas ao meu redor. Creditando o fato à abstinência, resolvi aguardar mais um tempo e ver se melhorava.

Essa primeira fase, na verdade, foi a mais difícil, pois, conforme explicou meu médico depois, saí de uma dose efetiva da sertralina para uma dose inefetiva.

Na segunda fase, tive as mesmas dificuldades emocionais, com um pouco menos de intensidade, e a glicemia oscilou um pouco menos. Ainda sim, sentia que poderia encontrar formas mais harmônicas de trabalhar e viver.

Na terceira fase - desmame completo, suspensão da sertralina - a glicemia não oscilou, tive menos variações de humor, mas senti a necessidade de auxílio para compreender as minhas dificuldades diárias com o trabalho e no trato com as pessoas queridas. Embora não programado com meu médico inicialmente, julguei por bem retomar a terapia com a psicóloga, com quem me tratei por dez anos até 2009, principalmente tratando questões do diabetes. Dessa vez, retomei a terapia para abordar a minha vida em suas outras nuances.

Uma semana sem sertralina, comecei a me sentir mais viva, mais própria em minha vida. Os poemas que costumava escrever desde criança - e que durante o tempo em que tomei a sertralina habitaram pouco os meus pensamentos - retornaram com força total. Em uma semana escrevi 3 poemas (um deles coloquei ao final deste texto). 

Agora estou há cinco meses sem a sertralina, e me sinto bem.

Georges Braque, Femme à la palette

Sinvastatina

A sinvastatina foi recomendada como tratamento preventivo de eventos cardíacos, comuns em pessoas com diabetes há muitos anos, como é o meu caso. Mas depois de ler sobre a ausência de comprovação da sua efetividade, e de que existem inúmeros efeitos adversos - incluindo eventos cardíacos - combinei com meu médico a suspensão imediata do medicamento, substituído por dieta alimentar voltada à redução do LDL (colesterol ruim).

Retirei manteiga, queijos amarelos (substituídos por cottage), e carne vermelha do meu cardápio diário, deixando apenas para os fins de semana, eventualmente (como já fazia antes com alimentos com açúcar para controle da glicemia). Aumentei a quantidade de saladas e verduras cruas (passando a comprar produtos orgânicos), comecei a consumir mais frutas com aveia, e o chocolate, que não consumo diariamente, ficou restrito aos produtos com 70% de cacau ou mais (os normais permanceram para consumo eventual nos fins de semana).

A carne vermelha foi substituída por peixe - sempre assado, sem óleo, com azeite extra virgem acrescentado depois de servido no prato - e tive uma grata surpresa. Peixes de águas frias são ricos em ômega 3, que aumenta a sensibilidade à insulina (1). Depois de uma semana me alimentando de peixe, precisei diminuir a dose diária de insulina, justamente porque a sensibilidade ao hormônio aumentou.

Quando decidimos suspender a sinvastatina, meu médico me explicou que a prescreveu para que eu ficasse com o LDL mais abaixo do recomendado normalmente (100mg/dl). O valor do LDL é verificado conforme a seguinte conta: (triglicérides/5) + HDL - colesterol total = -80 (ou abaixo). Os meus últimos valores tomando a sinvastatina eram: [(triglicérides)36/5] + (HDL)71 - (colesterol total)159 = - 80.8 mg/dl (LDL no limite pretendido). Depois de 3 meses seguindo a nova dieta ficaram assim: [(triglicérides)43/5] + (HDL)66 - (colesterol total)168 = - 93.4 mg/dl (LDL um pouco mais elevado, mas ainda no limite pretendido).

Com esses resultados, acrescidos do baixo valor - 0,06 mg/dl - do exame de proteína c reativa (PCR) que é um marcador de risco coronariano (2), meu médico concordou que não seria mesmo o caso de indicar a sinvastatina para mim, e que eu poderia continuar seguindo a dieta alimentar sem tomar a sinvastatina.


Georges Braque, Les Poissons noirs

Ramipril: foi suspenso, já que não tenho mais crises de esofagite nem dores de estômago.


Cetoprofeno e diclofenaco

Para prevenir e evitar as fortes coolicas menstruais, que já me levaram várias vezes ao hospital, meu médico recomendou que 3 dias antes de menstruar eu tomasse cetoprofeno, e quando sentisse coolicas fortes durante a menstruação, tomasse diclofenaco (até dois comprimidos de uma única vez). Ambos são prejudiciais aos rins (3).

Já havia incorporado a prática de exercícios de musculação à minha rotina diária desde o diagnóstico de neuropatia em 2013. Particularmente a musculação auxilia bastante na redução das dores nas pernas. Mas acabei percebendo que com a constância dos exercícios, as dores das coolicas também diminuiram, fazendo cessar a necessidade da administração preventiva do cetoprofeno. Mas algumas vezes ainda sentia coolicas fortes nos dois primeiros dias de menstruação.

Tentei então as práticas populares para lidar com a dor da coolica, fazendo bolsa de água qunte, tomando chás e bebidas quentes, e, persistindo a dor, tomando banho de banheira com água quente, quase fervendo. Dessa forma, apenas em último caso (se a pressão cai ou se uma diarreia ocorre em função da dor) tomo o diclofenaco. Nos últimos cinco meses, somente em dois deles precisei tomar, e um comprimido se mostrou suficiente para aliviar a dor intensa, ocorrida somente quando a menstruação desce.

Mas precisei adaptar minha vida, esperando um pouco mais os resultados dessas medidas naturais de combate às coolicas, ou seja, nas primeiras horas da menorreia tenho que ter paciência para me cuidar e saber que o tempo de trabalhar, ou de qualquer outra atividade, sofrerá uma pausa para o meu autocuidado. Parece fácil, mas isso é algo difícil de se (não) realizar em tempos de produção capitalista non-stop!


Georges Braque, Femme nue assise

Tabaco

O cigarro é um vício que tenho há 20 anos aproximadamente. Meu médico e eu sempre conversamos sobre formas de abandoná-lo. Já aumentei a dosagem de sertralina para para de fumar enquanto fazia um tratamento com acupuntura a laser, e consegui me abster por alguns meses, retornando depois a fumar. Em 2014 parei de fumar sem nenhum tratamento (ou aumento da dosagem do antidepresssivo) por 3 meses, e retornei a fumar um tempo depois.

Na última consulta começamos então a pensar em redução de danos, já que parar de fumar abruptamente não funcionou antes, e também poderia causar oscilações glicêmicas importantes pela abstinência. 

Já estava fumando cigarro de tabaco enrolado em casa, pois essa é uma forma mecânica de diminuir o fumo. Até então, fumava 3 cigarros por dia (após cada refeição), feitos com uma seda grande.

Meu médico então sugeriu 3 fases de redução: num primeiro momento, reduzir o tamanho da seda e continuar com os 3 cigarros diários; num segundo momento, apenas 2 cigarros pequenos por dia (deixando de fumar após o café da manhã); e num terceiro momento, fumar apenas um cigarro pequeno por dia, ao anoitecer.

Agora estou na segunda fase (dois cigarros pequenos por dia), mas a minha grande dificuldade atual é manter esse esquema nos fins de semana, e quando amigos queridos me acompanham para fumar em ocasiões de festas. Até o fim do ano vou tentar manter apenas os dois cigarros pequenos, seja qual for a ocasião. E depois do fim do ano, tentarei atingir o objetivo planejado: apenas um cigarro pequeno por dia ao anoitecer.

E quem sabe assim um dia, naturalmente, eu pare de fumar esse cigarro diário...

Georges Braque, Les Oiseaux Noirs

Poesia (4)

Pássar-a-bstrata

Nessa vida passarinha
somente tuas asas te sustentam
o ar que respiras
e o ar em que voas
são a mesma matéria
Por isso respira
antes de te lançares ao ar
pra que não te desmaterializes
em pleno voo
E se o voo é breve, sê brava
e voa sem matéria
pois teu voo na verdade
teus sonhos é que sustentam!


Débora Aligieri


Referências:

(1) Ômega 3: a gordura aliada do cérebro e do coração - Revista Minha vida: http://www.minhavida.com.br/alimentacao/tudo-sobre/17235-omega-3-a-gordura-aliada-do-cerebro-e-do-coracao

(2) Proteína-C-Reativa e Doença Cardiovascular. As Bases da Evidência Científica - Scielo: http://www.scielo.br/pdf/abc/v80n4/a10v80n4.pdf

(3) Anti-inflamatórios não esteroides - Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Anti-inflamat%C3%B3rios_n%C3%A3o_esteroides

(4) Seção "Versos Satânicos" - blog Jornal do Apocalipse: http://jornalapocalipse.blogspot.com.br/search/label/Versos%20sat%C3%A2nicos
 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Sensor de glicose com defeito - direito à troca

Desde junho de 2012 faço uso da terapia com bomba de infusão de insulina com monitorização contínua da glicose intersticial. Recebo (embora faltem bastante) os meus insumos da bomba pelo SUS - incluindo os sensores de glicose - por ordem proferida em processo judicial.

Em setembro deste ano, recebi uma caixa de "sofsensor" da medtronic com validade para 1º de dezembro de 2015. Boa parte dos sensores que utilizei funcionaram normalmente, mas um deles, apesar de estar dentro do prazo de validade, apresentou defeito, fato que descobri da seguinte forma:

Inseri o sensor na pele seguindo todos os passos recomendados (estou bem acostumada aos procedimentos já que utilizo o sensor há 3 anos), sem provocar sangramento. Aguardei por 15 minutos para ligar o minilink, mas, quando o liguei, a luz verde (que indica a realização de contato entre o sensor e o transmissor) não acendeu.

Esperei então por mais 15 minutos, recoloquei o minilink para carregar, e passados os 15 minutos (o transmissor já estava carregado e desligado do carregador há mais de 5 minutos) tentei novamente ligar o minilink, e mais uma vez a luz verde não acendeu. Testei o transmissor no dispositivo de teste e a luz verde se acendeu normalmente.



Esperei por mais duas horas (nesses três anos de uso da bomba, em uma ocasião de madrugada, o sensor demorou por volta de uma hora para fazer contato com o minilink, achei que podia estar acontecendo o mesmo), mas quando tentei novamente a luz verde não acendeu.

Inseri então um outro transmissor (o primeiro havia sido colocado no braço esquerdo e o segundo foi colocado no braço direito, utilizo os braços para instalar os sensores fazendo o rodízio dos locais de inserção) e passados os 15 minutos liguei o minilink e a luz verde acendeu normalmente, mostrando que a falha era do sensor previamente colocado.

Como já expliquei no post "Segurança e eficácia dos produtos para saúde - bomba de insulina", qualquer produto colocado à venda no mercado de consumo deve servir adequadamente ao uso a que se destina - ou seja deve funcionar sem apresentar qualquer defeito (artigo 12, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor). Isso vale também para equipamentos médicos, porque os produtos colocados no mercado de consumo não podem acarretar riscos à saúde ou segurança dos consumidores (artigo 8º, do CDC).

Ainda que o equipamento de saúde tenha sido recebido do Estado, a Anvisa, que regula a comercialização de produtos para saúde para os setores privado e público (todos nós cidadãos), dispõe que eles não podem colocar em risco a saúde das pessoas, e portanto devem servir ao uso sem qualquer problema durante o seu prazo de validade.

Conforme o artigo 12 do Código de Defesa do Consumidor, o fabricante/comerciante é responsável pelos defeitos que o produto apresentar, independente da culpa de quem o usa, ou seja, a empresa que comercializa o sensor (Medtronic) deve garantir a segurança e o bom desempenho do produto, e se ele apresentar defeito, tem a obrigação de substituir por outro que funcione.



Verificado o defeito, entrei em contato com a Medtronic por telefone (0800-7739200, opção 2) e noticiei à atendente a falha do meu sensor, solicitando a troca. Ela anotou meus dados e meu relato, me fez mais algumas perguntas (se havia sangrado e onde eu havia instalado o primeiro e o segundo sensores), e me orientou a enviar um e-mail para o endereço eletrônico "atendimento.diabetes@medtronic.com" com foto do sensor defeituoso (informei que havia guardado o produto com defeito) e narrativa do ocorrido.

Procedi conforme orientadado da atendente, e aproximadamente dez dias depois ela me retornou a ligação para avisar que os novos sensores estavam a caminho (chegaram no dia seguinte), e passou mais uma orientação: caso ocorra esse defeito novamente, eu devo entrar em contato com o serviço de atendimento da medtronic pelo 0800 antes de retirar o sensor, para facilitar a constatação do defeito e agilizar a troca.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Defensoria expõe dados sobre contaminação de alimentos em parceria com a Sociedade Civil

6 e 7/10, em Santo André

Audiência Pública acontece em Santo André nos dias 6 e 7 de outubro, das 9h às 18h; dados levantados pela Defensoria e exposições de especialistas apontam índices preocupantes de contaminação de alimentos e da água

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo em Santo André, no Grande ABCD Paulista, realizará, nos dias 6 e 7 de outubro, audiência pública para debater a contaminação por agrotóxicos nos alimentos consumidos no município, em parceria com diversas associações e entidades que atuam na área da proteção ambiental e do consumidor.

O evento acontecerá no Auditório das Faculdades Integradas Coração de Jesus (FAINC) e terá como objetivo expor e divulgar os dados de pesquisas recém efetuadas na água e alimentos consumidos na região, além de coletar informações, debater e propor encaminhamentos a respeito do impacto do uso de agrotóxicos na saúde humana e no meio ambiente.

A região do ABCD paulista, em especial a cidade de Santo André, foi pioneira na instalação das indústrias químicas no país (fertilizantes e pesticidas), na década de vinte. Segundo relatório da CETESB, o número de áreas contaminadas por essas indústrias é preocupante, gerando um passivo ambiental difícil de ser administrado, que impacta a qualidade do meio ambiente e dos alimentos produzidos na região até hoje.


Especialistas e Movimentos Sociais
 
Durante os dois dias de debates, haverá também exposições de especialistas como Flávia Londres (Agência Nacional de Águas), a Promotora de Justiça Greicia Malheiros (Ministério Público de Santa Catarina), Renata Amara (consultora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC) e as Professoras Sonia Hess (UFSC) e Karen Friedrich (ABRASCO).

Dentre as autoridades convidadas, destacam-se representantes do Ministério da Agricultura, da Secretaria de Estado da Agricultura, da Vigilância Sanitária Estadual, da CEAGESP, da Associação de Supermercados e das empresas municipais de abastecimento alimentar e distribuição de água (CRAISA e SEMASA) da região do ABCD.

A palavra será aberta para manifestações de representantes de Grups e Movimentos Sociais, Associações Civis, Conselhos e Universidades. A audiência pública é aberta à participação de todas as pessoas interessadas e não é necessária prévia inscrição.

A iniciativa conta com apoio de diversas entidades da Sociedade Civil: Associação de Agricultores Orgânicos (AAO), Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico da CUT do Estado de SP (FETQUIM), IDEC, Instituto Kairós, Movimento Urbano de Agroecologia de São Paulo (MUDA-SP), Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo, Sindicato dos Químicos do ABC, além de contar com apoio da FAINC. Na Defensoria, o evento conta com apoio da Ouvidoria-Geral e da Escola da Defensoria Pública do Estado.

Programação completa: