sexta-feira, 26 de julho de 2013

Maltose X diabetes

Há alguns meses minha glicemia começou a se elevar muito rapidamente após o desjejum. A princípio, julguei que a dose basal do horário precisava ser aumentada. Mas, mesmo aumentando a dose de duas horas antes do horário do café da manhã, após a refeição a glicemia continuava subindo, e algum tempo depois caía veritignosamente. Voltei então a basal à dose anterior e testei modificar o pão que estava comendo (da marca Peter Pão) para um da Wickbold, e a glicemia parou de subir depois do desjejum.

Incomodada com o fato, enviei um e-mail à empresa Peter Pão, questionando-os se de fato o produto era feito sem açúcar, como dizia na embalagem. A empresa, bastante atenciosa, respondeu informando que não havia açúcar na composição do produto, que usava como substituto o extrato de malte.

Pesquisando sobre o assunto, descobri que "Malte" é um termo geral utilizado para várias coisas associadas com maltose. Maltose é a principal substância de reserva da célula vegetal, é também a junção de duas moléculas de glicose. Ao realizar a digestão o amido passa a ser primeiramente maltose e depois glicose. A Maltose é encontrada em vegetais, e tem função energética

 
Maltagem é o processo no qual o grão de cereal é umidificado para iniciar o processo de germinação. Quando a semente germina, ela ativa enzimas que começam a converter suas reservas de amido e proteínas em açúcares e aminoácidos, os quais serão utilizados no crescimento da planta. O objetivo de maltar um grão é liberar estas enzimas para sua utilização no produto final.

Desta forma, embora o produto não contenha açúcar, se contiver maltose (extrato de malte e quaisquer outros subprodutos de malte), composta por duas moléculas de glicose, pode acarretar a elevação da glicemia de um diabético tão rápido quanto o açúcar refinado, sendo, portanto, não recomendado seu consumo pelos portadores de diabetes com grande sensiblidade à composição dos alimentos.

Já comia os produtos da marca Peter Pão antes de usar a bomba de infusão de insulina, mas, quando fazia o tratamento com a lantus, meu corpo não reagia ao malte. Agora, com a terapia com a bomba de infusão de insulina, e considerando que a minha dose basal é bastante pequena, minha sensibilidade à composição dos alimentos mudou bastante. Em regra, quanto menor a dose basal, maior a sensibilidade à composição dos alimentos, e quanto maior a dose basal, menor a sensibilidade. Assim, comecei a evitar o extrato de malte.

Todavia, nem sempre a marca é garantia de composição nutricional. Depois do episódio com o Peter Pão, comecei a comprar apenas pães da Wickbold.  Mas esta semana, mais uma vez, minha glicemia começou a se elevar depois do desjejum. Verificando a embalagem do pão - Wickbold 10 grãos - constatei que ele continha farinha de malte em sua composição. Já sabendo que o problema não era a dose basal, mas o malte, comprei outro pão, sem malte em sua composição, e minha glicemia voltou ao normal.


4 comentários:

Débora disse...

Esse pão é o light, o integral tb tem o extrato de malte?

Débora Aligieri disse...

Débora, sempre precisamos olhar nos ingredientes pra ver se existe maltose (extrato de malte lu farinha de malte) na composição do pão. No integral tradicional da wickbold não tem (veja em http://www.wickbold.com.br/produtos/linhas-os-classicos/os-classicos-integral/). Este eu como tranquilamente, mesmo tendo açúcar, que, por incrível que pareça, não faz a glicemia subir tão rapidamente quanto a maltose faz. Abraços.

Maria Alice disse...

Você conhece pães de fermentação natural (levain)? A longa fermentação diminui o índice glicêmico do pão, e em geral não vai açúcar na composição.

Débora Aligieri disse...

Obrigada pelo comentário, Maria Alice! Na época em que escrevi o post (2013) ainda nem se falava em pães de longa fermentação, que parece mesmo ser uma opção interessante na atualidade, ainda mais considerando a possibilidade de ser feito em casa. De qualquer forma, é sempre bom ficar atento aos ingredientes usados e ao comportamento do corpo de cada pessoa em sua singularidade. Essa era a intenção desse post, mostrar que nem sempre o controle poderá ser definido pela ausência ou presença de açúcar no pão, depende de como cada organismo reage aos ingredientes usados no pão, seja qual for a sua fermentação. No meu caso, um pão com açúcar não é tão problemático quanto um pão com maltodextrina, que eleva minha glicemia com bastante rapidez. Abraços.